Meu trabalho não é cansativo, não me estressa, a equipe é maravilhosa. Tive uma gravidez tranquila e trabalhei até sexta-feira e a minha filha nasceu no sábado a noite. A partir do dia do nascimento dela, entrei em licença a maternidade.

 Tive licença de 6 meses e acrescentei 1 mês de férias. Poderia ter estendido a licença pois minha filha tinha várias alergias alimentares e a gastropediatra me daria os documentos necessários para mantê-la em casa. Porém, para conseguir essa licença no meu trabalho a burocracia era tão grande que acabei desistindo.
 Encontrei uma creche que me acolheu, entendeu o meu caso, a minha preocupação, comprou todo o material de cozinha da Júlia diferente dos amigos e tinha cuidado redobrado e especial com ela.
Durante 7 meses cuidei dela em tempo integral, praticamente de segunda a segunda (meu marido trabalha em outra cidade e só retorna final se semana), sem tempo pra mim em uma rotina exaustiva e extremamente solitária. Essa ida para a creche foi uma das decisões mais difíceis e sim, dolorosa, porque eu precisava me adaptar a essa nova realidade. Foram quase 30 dias de medo, preocupação e insegurança.
Mas voltar ao trabalho foi essencial para a minha saúde física, mental e principalmente emocional. Como boa sagitariana, amante da liberdade, sempre gostei de passear, ter contato com pessoas, conversar… Faltava isso para a minha vida estar um pouco mais completa. Tenho a “sorte” de ter um emprego estável com carga horária de 20 horas semanais. Júlia fica na creche em período parcial e continuamos juntas durante a tarde, noite e madrugada adentro nas mamadas noturnas.
Ser mãe em tempo integral é maravilhoso, mas um trabalho extremamente cansativo e muitas vezes não valorizado.
Foto | arquivo pessoal
 Nunca me culpei por ter colocado a minha filha na creche tão cedo. Meu emprego ocupa na minha vida uma parte tão importante quanto a maternidade. Passei em primeiro lugar no concurso público, que só tem concursado na área em 8 municípios do Brasil e esse foi um dos meus maiores sonhos realizados. Além disso, ele me traz paz, segurança e, após a maternidade, virou um grande lazer.
Respeito a decisão de cada mãe: aquelas que decidiram deixar temporariamente o emprego, aquelas que precisam passar mais de 8 horas por dia longe dos seus filhos, as que querem trabalhar mas perderam o emprego… É fundamental buscar o que nos faz bem, o que nos traz conforto para a mente e a alma. Pois se estamos bem, nossos filhos sentem e ficam bem também.

Atualmente a Júlia tem dois anos, está curada de todas as alergias, continuamos nessa mesma rotina de nos separar por 5 horas do dia, temos um vínculo muito forte e acredito ainda que eu não poderia ter feito melhor escolha na minha vida.

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