Meu filho agora é um grilinho falante. Ele está com 2 anos e meio.

A gente foi percebendo a cada semana ele juntando palavrinhas. De repente saía uma frase nova ou ele repetia exatamente aquela que tinha acabado de ouvir pela primeira vez. Uma dessas é: “o que você tá fazendo aí?”. Frase que agora ele usa com diferentes tonalidades, repetindo-a indefinidamente e jamais, jamais mesmo, se contentando com uma resposta, qualquer que seja.
Acho que a brincadeira mais antiga e que mais faz sucesso com ele ainda é o bom e velho esconde-esconde. Ele delira com isso! E assim, tapou os olhos, está escondido! E ele rola de rir! E pede: acha o Tom!
Tem também os bichinhos imaginários que se camuflam nos cantos mais improváveis e que ele adora falar bem baixinho para não sermos ouvidos. Tudo isso fazendo uma carinha espantada, disfarçando a animação.

Outra coisa que ele adora é receber beijinho quando faz um dodói, qualquer um, dos grandes aos bem pequeninos. Ele fica lá curtindo o carinho e depois diz “já passou” e parte para a próxima. Ele também convida a gente pra tudo: dá a mão, mamãe! Ou “dá a mão, mamãe-papai”! E sai todo feliz com os dois! Outro dia estávamos eu e o marido sentados no sofá lado a lado e ele veio se chegando… primeiro deitou, encostando a cabeça. Depois foi subindo e até nos abraçar, de braços bem abertos. E ali ficou, quietinho, saboreando o chamego. Como gosta de um chamego!

E ele adora participar. Sai dizendo: o Tom ajuda! E empurra vassoura, guarda roupa no armário, lava a louça, guarda os brinquedos, tudo do jeito dele… com muita espuma, roupa molhada, cisco espalhado e peças de lego embaixo da mesa.
Quando está desenhando, ele se esforça, mas não consegue resistir de riscar a parece ou a mesa… ele risca e me olha com sobrancelhas erguidas, dizendo: não pode! E se chamo ele pra limpar ele curte quase tanto quanto riscar!

Numa manhã dessas, logo que acordamos, ele pegou um livro e disse: “mamãe, fica aqui com o Tom!”. E me convidou pra sentar. A gente “não tinha tempo pra isso” mas mesmo assim eu fiquei. Lemos e papeamos. Daí depois eu percebi que ele parecia agradecido. Quando dei tchau ele ficou me olhando e mandando beijos e acenando infinitamente com aquela mãozinha fofa e aquele sorrisinho que quase te faz desistir de sair.

É mesmo uma maravilha ter um filho.

*Esse texto foi publicado originalmente no Fala Frida no dia 3 de novembro de 2017.

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