Ela sopra a fumaça na minha cara e penso no quanto ela é volátil, que não posso confiar nela, que hoje está aqui e amanhã só a Deusa sabe, a qualquer momento ela pode sumir do mapa, da minha cama, do meu carma. Ela está nua e confortável em sua insustentável leveza de mariposa, a buceta toda aberta pra mim. Me vem um calor de baixo pra cima que não sei é terror ou tesão diante do risco dela evaporar. Enfio o rosto entre seus seios fartos enquanto ela fuma, ali sinto o cheiro de cacau da sua pele morena, o cheiro que me droga, que me deixa assim apavorada, meus corações de baixo e de cima latejam, vou descendo até o meio das suas coxas onde o cheiro fica mais forte, insuportável, delicioso, e a chupo com um medo que não sei se é paixão ou uma paixão que não sei se é medo – uma coisa sei: se só tenho a garantia de tê-la agora, nesse instante que se dispersa mais rápido que a fumaça que sai dos seus carnívoros e suculentos lábios, hei de fazer desse instante um abismo de gozo.

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