Querido papai Noel,

Não sou mais criança. Na verdade sei que você não existe, mas por não ter mais a quem escrever, endereço a você essas palavras e jogo pro universo… Alguém há de recebê-las, espero!

Sabe aquele ano que você sente que realizou muito? 2017 foi assim para mim! E não me lembro de outro ano tão importante quanto esse… Comecei muito bem, esperando minha primeira filha! Muita expectativa, uma felicidade fora deste planeta! Estava calma, cuidei direitinho da minha saúde, busquei profissionais respeitosos e atenciosos… tudo certo! Era esperar a hora do parto e minha vida mudar definitivamente… E assim foi! O parto? Super tranquilo, muito mais que eu esperava! Cinco horas de trabalho de parto em casa, com meu marido e meu fiel escudeiro – meu gato Murilo!

Agora a mudança de vida… Bem, dessa aí estou de ressaca até agora!!!

O puerpério foi intenso: trouxe vivências que estavam lacradas a sete chaves na minha memória. Dor física, mas principalmente emocional! Minha vida era completamente diferente. Não sabia quem eu era. Olhava no espelho e não me via! Amava minha filha desde o primeiro segundo. Já minha nova vida… Estava tentando me acostumar. Dez meses depois e posso dizer que ainda estou tentando.

Sinto falta de muitas coisas, mas sou absolutamente grata por outras inúmeras que tenho e sinto hoje! A vida tomou uma nova dimensão! Sinto falta de mim… Mas, sério, quem sou eu mesmo? Não sei! Mudei tanto, tão rapidamente que ainda estou buscando entender sobre essa nova versão de mim! Sinto falta da parceria tête-a-tête com meu marido! Éramos uma dupla infalível. Agora lutamos para conseguir uma conversa com alguns minutos de calma. Sinto falta dos meus amigos, de ficar à toa, de poder decidir para onde vou sem grandes análises na “logística familiar”, sinto falta de poder tomar café da manhã e até de poder escolher a hora que vou tomar banho. Ah, desculpe! Mãe não pode falar da parte “cinza” né?! Taca um corretivo potente nessas olheiras e só fale do bebê cheirozinho, do quanto ama e é feliz (humor azedo!).

Brincadeiras à parte, claro que sei que ganhei muito esse ano, ganhei coisas que não imaginava existirem. Como esse amor inacreditável, como descobrir a força animal que existe em mim em um parto incrível, como me orgulhar de todo o esforço para manter a livre demanda por longas e inúmeras madrugadas. Também conheci o medo de verdade: agora sei que não é nada parecido com o que sentia antes. Medo real, daquele que paralisa quando seu filhote queima de febre e chora de dor!

Mas acima de todas as coisas, ganhei uma pessoa nova em mim, e nem sabia que isso iria acontecer (só se fala do bebê no puerpério, mas cadê a mãe gente?). Nasce um filho e renasce uma mãe. Mas demora, viu? Pra gente se ver, conhecer e, principalmente, se amar novamente! E agora estou tentando justamente criar essa intimidade com a minha nova face para, um dia, enfim, acolhê-la. Mas não como antes, cheia de ressalvas quanto a mim mesma. Agora quero sem “poréns”! Já que estamos assim, com tudo um tanto “desarrumado”, quero me abraçar de verdade, e talvez seja pela primeira vez!

Falei tanto que quase esqueci do pedido, oras! Agora sim, Papai Noel, não acho que fui uma boa menina (mas de perto… quem realmente é?! rs). Mas na cara dura vou te pedir do fundo do meu coração: você pode me trazer tempo? Sim, meu pedido é tempo, acho que é o que preciso para finalmente florescer! O terreno já foi arado (e como foi remexido!), a semente já foi plantada, sinto que está crescendo em mim, mesmo que em alguns momentos apareça uma “praga” aqui ou acolá! Acho que agora é só manter-me firme no propósito, colocar “minha cara ao sol” (talvez na chuva também) e ver como um dia a melhor primavera de todos os tempos irá chegar para minha vida! Espero que ela fique pelo tempo que quiser, afinal há beleza em todas as estações!

Com amor,

Paula

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