Depois de 14 anos desbravando o mundo, retornei recentemente à Florianópolis, minha cidade natal. Como tenho uma empresa e queria me conectar com empreendedoras da cidade, decidi contratar um espaço de trabalho compartilhado (coworking). Apesar de ter decidido ainda em janeiro, preferi esperar passar o carnaval.

Eis que dia 7 de março estava lá para assinar meu contrato e fui surpreendida com um “desconto” de 27%. Minha surpresa e felicidade (quem não adora um desconto?) foram rapidamente alimentadas por uma reflexão: não recebi um desconto. Recebi direitos iguais. 

Isso mesmo! A campanha com 27% de desconto era restrita a mulheres que assinassem o contrato no mês de março, pois foi a forma que a Impact Hub Floripa decidiu expor, no mês da mulher, a média de diferença salarial entre homens e mulheres.

No mesmo momento, tinha um homem negociando uma parceria e, por um instante, ficou um clima do tipo: “que injusto eu não ganhar esse desconto!”. Foram poucos segundos, porque logo ele falou (e deu pra ver que foi de coração): “Nossa, que legal essa promoção! É tudo isso de diferença, é?”.

É, minhas amigas… e quando a gente pega a estatística de mulheres negras, essa diferença chega a absurdos 40%!!! É um ranço social que precisa ser resolvido!

Essa ação mexeu profundamente comigo, porque trabalho com bem estar financeiro para mulheres. A campanha foi direto no meu ponto “força”: a relação mulher e dinheiro, a causa pela qual dedico minha vida!

O que tocou tão fundo é que não são 27% de desconto. São 27% que trazem à igualdade! Não são 27% porque queremos ser 27% superiores. São 27% para trazer ambos os gêneros para o mesmo patamar de remuneração.

Durante anos levantei a bandeira de que não precisamos de dia da mulher, que eu sentia vergonha de “ter um dia”, que mulher não tem que reclamar, tem que fazer acontecer sem ficar de mimimi. Falo isso com um pouco de vergonha (ainda mais trabalhando com mulheres), mas com a humildade de quem percebe a falta de empatia que tive com tantas mulheres que vivem uma realidade bem diferente da minha.

A título de curiosidade, compartilho alguns dados:

– Se não houvesse mais mulheres trabalhando, os índices de extrema pobreza em 2010 teriam sido 30% maiores na América Latina (Banco Mundial)
– Hoje, 40% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres (IPEA, 2015)
– As mulheres já são 50% da população economicamente ativa do Brasil (ou seja, fazem nossa economia acontecer), mas representam apenas 15% dos C-level (CEO, CFO, etc.) (IBGE)
– Enquanto um homem dedica (em média) 10 horas da sua semana aos trabalhos domésticos, as mulheres dedicam 20 horas [se pegasse essa estatística, o desconto seria de 50%… kkkk] (IPEA)

Tem muito a ser construído para a igualdade… Como trabalho a partir de um viés financeiro, passarei por aqui de tempos em tempos para te instigar sobre a sua (e nossa) relação com o dinheiro. Sabe por quê? Porque eu tenho certeza que você pode e merece ter uma vida próspera e abundante, hoje!

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