Eu não era minha amiga.

Fui consolar uma pessoa, de quem eu realmente era amiga, que se martirizava por um erro banal.

Ela pensava que era das pessoas a mais terrível e, nesse momento, com olhos de hipocrisia, falei “você precisa ser mais sua amiga”.

E então eu percebi a ironia desse conselho.

Porque eu nunca fui minha amiga.

Eu seria amiga de alguém que fala mal de mim, que me desvaloriza, que não aprecia minhas pequenas vitórias e que me põe pra baixo?

Com certeza não.

 

Mas eu convivia com essa pessoa. Convivi 24 horas por dia, sete dias da semana durante os últimos 25 anos em que eu dava o meu primeiro respiro como inimiga de mim mesma.

Na primeira oportunidade de me julgar por algum erro, eu estava lá.

Na primeira oportunidade de desmerecer uma vitória, de pensar que qualquer um conseguiria fazer aquilo, eu estava lá.

Na primeira oportunidade de falar que provavelmente perderia pessoas e relacionamentos importantes por não ser merecedora, eu estava lá.

Pensar que eu não me amar era uma das maiores ofensas.

Ofendia porque era verdade.

Se eu quisesse ser essa pessoa confiante, teria que primeiro admitir minhas fraquezas e que elas não me definem como ser humano. Elas estavam lá para que eu aprendesse a ser mais forte.

Teria que abraçar todos os meus fracassos. Eles serviram de aprendizado para as minhas conquistas.

Teria que entender que tive relacionamentos que deram errado. Relacionamentos que me ensinaram a ter coragem de largar o que não me fazia bem, para então entrar em relacionamentos melhores.

Teria que aprender que eu sou muito mais forte do que penso ser. Eu tinha mérito em ser amada.

Só precisava começar a me amar também.

Teria que aprender que não, eu ainda não sou minha amiga.

Mas eu posso aprender a ser.

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