As dores
São as coragens adormecidas
Silenciadas, esquecidas
Ignoradas
Nas suas faltas dormem os ossos,
As juntas, a cabeça
O corpo fala como que em suspiro
De saudade de tudo
Que se pode ser
Tentando em dor atenta
Desvelar-se
As dores de si migram para o corpo
Como que por estratégia
É o corpo que cria e recria
Quem somos
Nos doem os movimentos usuais para
Que criemos outros
É nos movimentos novos que podemos
Nos tornar quem somos
As dores nos movem
É o grito das coragens enganadas em
Retóricas sobre nós mesmos
O corpo é nosso salvador
Suas dores e doenças
São nossas curas.
Nossa esperança. Nossa chance.