Mulher,
Cala-te
Quem és afinal
Para falar de direitos
Quem és para pensares
Que do português
Te aplicam os sujeitos
O único sujeito que estás sujeita é à sujeição
A obediência
A sujeira
Da crença
Que o sangue que escorre
É impuro
É doença
Cala-te, poeta
Quem és para pensares
Que podes ser perpétua?
Chamo-te poetisa
Te oculto
Aqui não pisas
Terra de heróis
Tu, nenhum dote herdas
Suas ancestrais morreram queimadas
E mesmo assim ainda protestas?
Nasceste na terra
Em que Zeus é ídolo
Supremo, poderoso, temido
A terra em que Medusa
Estuprada no templo
Foi castigada
E homem nenhum
Punido
Cala-te,
Promíscua
Achas que devo te fazer gozar?
Quem és tu?
Feminista?
Cala-te,
Patriarcado
Meu existir nunca será capital
Por ti explorado
Vejo que sabes meu nome
Apesar de anos de silenciamento
A minha geração
Vai esmagar a tua opressão
Não vai te restar
Um único instrumento.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *