É evidente que queiramos nos proteger daquilo que nos assusta. É a resposta natural. No entanto, em muitos momentos da vida, algumas oportunidades se apresentam e a gente tem condições de abraçar ou não. Ou melhor, a gente recebe o novo e se envolve mais ou menos de acordo com nossas possibilidades naquele instante. E ao longo da vida surgem inúmeras dessas chances de enfrentar esse tal medo de mudar.

A gente sabe bem que a maneira de viver a maternidade não tem nada de óbvio, muito pelo contrário, é um universo onde tudo é possível. Mas quando você escolhe o seu jeito, arca com o bônus e o ônus necessariamente. Simples assim. Especialmente quando a sua opção é não ter filhos.

Quando eu escolhi ser mãe e em tempo integral, embora tenha decidido isso em bloco, o mergulho efetivo na experiência aconteceu aos poucos. Não foi pá pum. Cada dia eu entrava um pouco mais e assim fui me envolvendo até não achar mais a fundura da coisa. Bem nessa hora bateu um desespero. Você não vê saída. Mas você sai. Depois bate outro desespero. E você fica perdida. Mas se acha. Aí de novo. E assim vai. Você constrói uma maneira de se salvar tal como você construiu a maneira de entrar e se deixar levar. E então fica claro que não há nada a lamentar. Estar diante da possibilidade de refazer o seu caminho a partir de um outro lugar é um privilégio.

Parece mesmo que tem a ver com coragem. Coragem de se expor ao desconhecido. Coragem de assumir quando não funciona mais. Coragem de enfrentar o mundo e dizer não à maioria para dizer sim a si mesma. Coragem de renascer das cinzas numa versão ultra melhorada de si mesma depois de ter vivido infinitas trevas. Coragem de escolher o lugar que a maternidade vai ocupar na sua vida.

Mas também isso é um jeito de se viver a vida. Há outros. As vezes o melhor que fazemos é ficar quietinhos onde estamos, por anos a fio. Ou por uma vida inteira. É o que funciona pra gente. Claro que há um preço. Sempre há. E a conta vem endereçada a nós, sem erro de destino. Ninguém paga por nós, no limite. Então está tudo certo. Cada um que ache o seu jeito de ser corajosa.

 


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2 respostas

  1. Pra viver a vida direito a gente precisa ter muito peito. Muita coragem! Como quase todo mundo, tenho meius momentos de super corajosa e mega medrosa, e a minha conta sempre chega, o que me deixa um tantinho mais confortável é saber que tudo muda o tempo todo! Se a conta ficar muito alta, posso mudar de ideia. Adorei o texto!

  2. Ótimo texto. Realmente, cada uma tem na sua história suas trajetórias de coragem. Independente de julgamentos, sempre arcaremos com as consequências de nossas escolhas. Tmb deixei minha carreira em standby e me aventurei integralmente na maternidade. Às vezes, sou cobrada pela família e amigos pelo rumo inesperado, aos olhos dos outros, que dei em minha vida. . A minha sorte é ter o marido que tenho, que pensa e me apoia nesta decisão que, agora é nossa.

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