“Meu mundo agora é azul!”. Você certamente já viu essa frase na sua timeline de Instagram ou Facebook. É uma frase simples, carregada de alegria e simboliza que novos tempos virão!

Já parou para pensar por que o azul é atribuído a meninos e o rosa à meninas? Analogicamente, falo de cores, mas o exemplo se aplica também à brincadeiras de criança.

Frequentemente os meninos são incentivados a brincar com carrinhos, aviões, bonecos de guerra e fazer molecagens. O que remete à atividades que eles estejam no controle e fora de casa. As meninas ganham brinquedos relacionados ao cuidado materno e às atividades domésticas. Bonecas, fogões e vassourinhas. Ser delicada e contida, para futuramente não ser mal falada!

Na adolescência, é comum frases proclamadas por pais e mães do tipo: “tenha juízo, não volte com estranhos!” ou “vai pegar muito com esse carro, hein!“. É fácil deduzir o direcionamento de cada uma das sentenças.

Todas essas ações, aparentemente inocentes, são reflexos diretos na cultura da diferenciação dos sexos. E antes que meu raciocínio seja vítima de condenações alheias, quero esclarecer que não existe certo e errado! O que existe é uma explicação plausível do ponto de vista antropológico, para um comportamento que por vezes, parece ser o certo, mas que pode ser contestado e modificado por pais que queiram agir diferente do padrão cultural predominante na sociedade.

São os hormônios?

Indico fortemente a leitura do livro do Roque de Barros Laraia, intitulado “Cultura: um conceito antropológico”. É um livro de fácil compreensão e rico em conteúdo. Me fez aflorar um interesse ainda maior pela antropologia cultural! Laraia menciona que o menino e a menina agem diferentemente, não em função de seus hormônios, mas em decorrência de uma educação diferenciada.

Ele ainda comenta que “a espécie humana se diferencia anatômica e fisiologicamente através do dimorfismo sexual, mas é falso que as diferenças de comportamento existentes entre pessoas de sexos diferentes sejam determinadas biologicamente.” Atividades atribuídas às mulheres em uma cultura podem ser atribuídas aos homens em outra. Posso citar alguns exemplos concretos:

1 No Xingu, o transporte de litros e litros de água para a aldeia é uma atividade feminina. O que exige um tremendo esforço físico!

2 – O exército de Israel continua com alta eficiência bélica, mesmo depois da grande quantidade de admissão de mulheres soldados.

3 – Mesmo sem poder gerar bebês, os homens da tribo Tupi mostram que o marido tem grande importância no parto. Com o objetivo de preservar a sua saúde e a do recém-nascido, é ele que faz o resguardo, e não a mulher.

4 – Em sua visita à tribo Tchambuli, na Nova Guiné, a antropóloga norte americana Margareth Mead (1901-1978) observou que os homens é quem cuidavam dos afazeres domésticos, enquanto as mulheres trabalhavam em serviços braçais (mais sobre essa pesquisa aqui).

Precisamos concordar com o antropólogo americano Alfred Kroeber (1876-1960), quando ele afirma que o homem é resultado do meio cultural em que foi socializado, e que “muito cedo, tudo o que fizer não será mais determinado por instintos, mas sim pela imitação dos padrões culturais da sociedade em que vive.”

Faça a diferença, aja diferente

Faz poucos dias que assisti na Netlfix o filme As Sufragistas e a entrevista que a Malala Yousafzai concedeu ao David Letterman na série O próximo convidado. Como defensora da igualdade entre os sexos em todas as esferas da vida social, fiquei comovida com a história da luta pelo direito ao voto feminino. Igualmente, me deu orgulho conhecer um pouco do trabalho que a jovem paquistanesa Malala vem desenvolvendo em prol da educação das meninas em seu país.

Se tiver curiosidade, dá play no trailer: My Next Guest Needs No Introduction With David Letterman | Netflix.

Por mais que eu entenda que determinados comportamentos machistas (até mesmo entre mulheres) são reflexos de uma cultura construída há milênios, não consigo ser conivente e simplesmente aceitar. Admito que existam diferenças gritantes entre salários, posições no trabalho, afazeres domésticos e por aí vai. E me vejo no dever de minimizar essas diferenças, dentro das minhas possibilidades e em pequenas ações.

Sempre que posso, faço questão de pagar a conta, dirigir o carro, dividir as tarefas de casa. Mostro interesse e procuro saber sobre assuntos considerados “masculinos”. E ah! Não critico as mulheres por suas atitudes ou por simplesmente serem bonitas, procuro entendê-las e admirá-las simplesmente do jeito que são.

Agora quero saber de você

Nos ambientes que frequenta, ainda é perceptível o tratamento diferenciado entre meninos e meninas, homens e mulheres? Você acha que poderia fazer algo para mudar essa mentalidade? Ou está bom do jeito que está?

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