Recentemente assisti ao filme As sufragistas. E fiquei especialmente tocada com os dramas pessoais das mulheres que arriscaram suas famílias, casamentos e até suas vidas para lutar pelo voto de todas as britânicas.

A protagonista do filme, Maud Watts, entrou meio que por acaso no movimento das suffragetes. Trabalhava em uma fábrica, onde lavava e passava roupas desde os sete anos de idade, por horas intermináveis e em péssimas condições. Tinha um filho, George, e um marido, que trabalhava com ela. Aos poucos, Maud foi tomando consciência da opressão feminina da sociedade londrina da segunda década do século XX. Começou a ir a encontros e protestos a favor do sufrágio feminino. Só que lutar pelos direitos das mulheres, naquela época, era algo vergonhoso, algo nada digno de uma esposa e mãe de família. E Maud foi expulsa de casa por seu marido. Pelas mesmas razões, foi despedida. Conseguiu abrigo em uma igreja e passou a se dedicar ainda mais ao movimento. Maud foi presa por participar de protestos, sofreu maus tratos, fez greve de fome.

O marido de Maud, por se ver em maus lençóis para trabalhar e cuidar de George (algo que Maud fazia igualmente, e por alguma razão misteriosa, conseguia), entregou o menino para adoção. E o que Maud pôde fazer para impedi-lo? Nada, porque a lei inglesa determinava que cabia aos pais o direito sobre os filhos (tal lei só foi alterada em 1925, ou seja, 13 anos depois). Mas o filme mostra que todas as desgraças que aconteciam em sua vida se transformavam em combustível para lutar pelos direitos de todas as mulheres de seu país.

Ainda sobre a sociedade inglesa, o seriado Downton Abbey descortinou outra desvantagem para as mulheres assegurada pela lei. Simplesmente por serem mulheres, elas não tinham direito à herança de sua família. Então Mary, a primogênita da família Crawley, acabou casando com seu primo, Mathew, para que a fortuna da família permanecesse com eles. Surreal é constatar que em pleno 2013 as britânicas ainda estavam lutando para mudar essa lei absurdamente machista.

O duro é que essas mudanças de mentalidade e institucionais costumam vir a passos lentos. Inicialmente, na Inglaterra, só podiam votar mulheres com mais de 30 anos. Depois é que o direito foi concedido a todas. E, com o passar dos anos, esse direito foi sendo estendido para outras mulheres ao redor do mundo, não sem outras lutas e protestos, muitas vezes violentos. No Brasil as mulheres só puderam votar a partir de 1932.

A ideia do post de hoje, além de recomendar o filme As Sufragistas, é sugerir que todas nós reconheçamos o sofrimento, as torturas,  os sacrifícios e as vidas perdidas de tantas outras mulheres para que hoje possamos gozar de um pouco de liberdade.

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