26 de novembro de 2021 completamos 40 semanas de gestação! Para quem teria que induzir o parto com 37 semanas por causa do líquido amniótico baixo, foi uma vitória chegar nas 40, por isso precisávamos comemorar. Aproveitei a disposição que ainda tinha e fui no mercado pra deixar a casa abastecida caso o trabalho de parto iniciasse nos próximos dias, comprei flores e uma vela pra Maya, chamei ela pra vir pra esse mundo, estávamos a sua espera!

No sábado, dia 27/11/2021, iniciaram os pródromos, contrações leves e sem muito ritmo, tinha momentos que parecia que ia engrenar, mas logo em seguida perdia o ritmo. Almoçamos e aproveitei pra descansar um pouco, no final da tarde fomos caminhar na orla do Guaíba para ajudar o corpo com o processo. Chegando em casa fui tomar banho e logo em seguida as contrações começaram a voltar, isso era aproximadamente 20h. Jantamos e fomos dormir, e quem disse que eu conseguia, as contrações começaram a intensificar lá pela meia noite, comecei a cronometrar deitada mesmo, quando vi que estavam de 10 em 10 minutos por mais de 1h resolvi levantar da cama e fui pra sala, nessa hora as contrações eram bem suportáveis, segui cronometrando e assistindo netflix pra não deixar a ansiedade tomar conta. Lá pelas 4h da madrugada de domingo, dia 28/11/2021, a intensidade das contrações aumentou e o tempo entre uma e outra diminuiu, era hora de acordar o papai Rodrigo e avisar a Doula Barbara e a Dra Karla.

A Barbara chegou na nossa casa por volta das 5h de domingo, as contrações estavam começando a ficar mais doloridas. O Rodrigo preparou café, fez panqueca americana e eu aproveitei enquanto ainda conseguia comer. Ao longo da manhã ao invés das contrações se intensificarem elas espaçaram e a intensidade da dor diminuiu. Conversamos os três, e junto com a Dra Karla decidimos aguardar em casa, a Barbara foi embora e pediu para que ficássemos em contato que ela voltaria assim que as contrações engrenassem novamente.

Ao meio dia eu consegui almoçar, foi minha última refeição até a Maya nascer, e descansar por aproximadamente 1h até que as contrações voltaram. Nesse meio tempo me bateu um desanimo pelo trabalho de parto não estar engrenando, chorei e me permiti sentir tudo, o medo de não conseguir, de ter que ir pra indução ou até uma cesarea. O Rodrigo estava em contato com a Barbara a todo momento, ela sugeriu que eu fosse para o chuveiro tomar um banho longo e ver como seria a resposta, conforme fosse ela se deslocaria até nossa casa. Lá fui eu, me entreguei para aquela agua quente, pedi para que tudo desse certo, que eu estava pronta pra encarar o que viesse, fiquei lá por uns 30 minutos mas que pareceram 15, perdi a noção do tempo. As contrações engrenaram novamente e logo depois que sai do chuveiro a Barbara chegou com suas mãos magicas e seu rebozo, isso eram 17h. Seguimos em casa com massagem e rebozo até as contrações ficarem de 3 em 3 minutos, resolvemos ir para o hospital. Chegamos lá por volta das 19h.

Chegando lá as contrações seguiam de 3 em 3 minutos, passei pela avaliação da médica de plantão, fizemos um MAP e no exame de toque veio a surpresa, tinha dilatado somente 4cm. Foi um banho de agua fria, me desmotivei muito, me abalou profundamente essa notícia, tanto que as contrações começaram a se espaçar novamente. Em seguida a Dra Karla chegou e decidimos que eu iria tomar um buscopan para tentar descansar um pouco e dali umas 4h faríamos o exame de toque novamente para ver como estava o andamento.

Fomos para a sala de parto, eu estava arrasada, chorei bastante e o medo de não conseguir tomou conta de mim, a Barbara e o Rodrigo tentavam me motivar, me dar força pra seguir. Enquanto eu tentava descansar entre uma contração e outra, que estavam com intervalos de 8/10 minutos, eles tentavam pensar numa estratégia para me ajudar a recuperar as forças físicas e emocionais. Resolveram montar a piscina e eu topei, foi maravilhoso pois consegui relaxar o corpo e focar mentalmente em recuperar minhas forças. Fiquei por lá uns 40 minutos, comecei a ficar inquieta, pois, as contrações se espaçaram novamente. Me levantei e fui me movimentar, precisava continuar tentando, fui pra bola, rebolei e nada das contrações ritmarem novamente. Naquele momento eu queria minha mãe, mas sabia que não seria possível.

Me concentrei e mentalizei meu pai e minha mãe, pedi ajuda para minhas ancestrais, principalmente minhas avós, pedi força e sabedoria pra seguir adiante.

Lá pela 1h da madrugada do dia 29/11/2021 fizemos o exame de toque novamente, estávamos em 5cm. Minhas forças estavam se esgotando, mais uma vez o medo e o choro tomaram conta de mim, me questionava o que estava fazendo de errado, porque meu corpo não conseguia dilatar? Sempre soube que lidar com a dor seria meu maior desafio no parto, a dor me paralisa, como se ela congelasse meus movimentos. A Dra Karla chegaria no hospital por volta das 5h somente, conversamos e decidimos que a Barbara iria pra casa descansar até as contrações engrenarem ou a Dra Karla chegar, para então decidir o que faríamos.

Nessas horas que fiquei sozinha com o Rodrigo, nós conversamos sobre tudo que tinha acontecido até ali, chorei muito, admiti que estava pensando em pedir uma cesarea pois não aguentava mais sentir dor, estava muito cansada, me senti fraca por pensar isso, mas foi inevitável. Tentamos descansar até a Dra Karla chegar, mas eu não conseguia, minha mente ficava repassando tudo, questionava o que eu estava fazendo de errado, o que eu não estava enxergando ou permitindo que acontecesse, será que eu estava insistindo em um parto e quando a forma que ela deviria vir ao mundo era uma cesárea?

As 5h a Dra Karla chegou com toda sua paciência e amor, quis ouvir como eu estava me sentindo e o que estava pensando em fazer, falei pra ela dá ideia da cesárea, ela me escutou e perguntou se podia dar uma sugestão. Ela sabia o quanto eu desejava um parto natural e sem intervenções, mas naquele momento a gente precisava usar a medicina ao nosso favor, ela propôs então uma analgesia pra eu poder descansar e uma dose baixa de ocitocina. Quando eu escutei a palavra analgesia, não pensei duas vezes, topei na hora e isso me trouxe alivio, e culpa também. Durante a gestação eu estudei sobre as intervenções, seus riscos e consequências, então novamente chorei, me culpei por me permitir receber aquelas intervenções, mas sabia que sem elas eu não chegaria no meu objetivo. Decidi conversar com a Maya e pedir desculpas por estar tomando aquela decisão, por levar até ela aquele tipo de medicação, pedi também ao meu corpo que ele filtrasse o máximo que pudesse para proteger ela daquela química.

Feito isso, seguimos em frente, consegui descansar por 1h e a Dra Karla me pediu para começar a movimentar as pernas pois o efeito da analgesia estava passando e precisava começar os movimentos para seguir com o trabalho de parto. Conforme recuperava o movimento das pernas voltava a sentir as contrações mais fortes, nessa hora estava com 7 de dilatação. Segui me movimentando com a ajuda do, incansável melhor marido do mundo, Rodrigo, que me ajudava no manejo das dores enquanto a Barbara não chegava.

Quando a Barbara chegou eram umas 7h da manhã, e chegou na hora certa, pois as contrações estavam cada vez mais próximas e intensas. Desse momento em diante entrei na partolândia, pra mim se passaram uns 15 minutos quando na verdade durou cerca de 2h até completar a dilatação total e as contrações espaçarem para então iniciar o expulsivo. Foram duas horas onde a Barbara e o Rodrigo foram incansavelmente maravilhosos me ajudando no manejo da dor. Eu ficava em pé de frente para o Rodrigo e apoiada nos ombros dele, a Barbara ficava atrás me massageando, me lembro de dizer que a dor não passava nunca, chorava e gritava ao mesmo tempo, foi muito intenso. Em algum momento lá no hospital a Barbara me disse pra tentar pensar em alguma coisa que me ajudasse no momento das dores, eu só conseguia pensar na minha mãe, então lembrei do meu quarto na casa que morei quando pequena, minha mãe muitas noites ia dormir na cama comigo pois eu tinha medo, e aqueles momentos eram maravilhosos, me sentia segura. Em cada contração minha mente me levava para aquele momento, meu quarto, eu e minha mãe, foi meu refúgio.

Poucos minutos depois do nascimento dela tive hemorragia, fiquei muito tonta e tiveram que tirar ela do meu colo, não tivemos nossa hora dourada como desejava e o cordão foi cortado poucos minutos depois. Eu fui levada até a maca para ser atendida, acabei tendo um desmaio, cai no chão e a doula Barbara me juntou kkkkkkk mas foi tudo muito rápido, em poucos segundos eu já estava acordada. A Dra Karla disse que foi intenso e rápido o início da hemorragia e a contenção dela. Tive laceração de grau 2 com 5 pontos. Enquanto eu era atendida o Rodrigo foi acompanhar a Maya no seu atendimento com o pediatra. Depois de uns 30 minutos estávamos todos juntos novamente, ela voltou para meus braços e foi pro peito pela primeira vez.

Lição clássica que muito escutei durante a gestação: não temos controle de nada!

Intervenções bem feitas ajudam muito, não me arrependo de ter aceito a analgesia e a ocitocina, sem elas não teria conseguido. Agradeço por cada dor, cada contração, não foi fácil, mas foi maravilhoso ver meu limite sendo ultrapassado a cada hora, ver o quanto sou capaz e forte. Agradecimento especial ao melhor marido e pai, a melhor doula que nos apresentou a melhor obstetra, que sorte a minha ter essas pessoas incríveis ao meu lado.

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