Quando um filho nasce, ele toma conta da vida da gente. Tudo é por e para ele. Tudo é ele. Ele precisa da gente e a gente jura que só a gente pode cuidar bem dele. A gente só enxerga ele. Acontece com muitas mães e aconteceu comigo. Primeiro ele, segundo ele, terceiro ele. No fim da fila, se der… vem a gente. Do último morango na geladeira, passando pela organização do orçamento familiar, até a decisão da viagem de férias… tudo é feito pensando nele.

Embora realizada com a maternidade, você começa a se sentir exausta, limitada naquela vida que se restringe a fralda, escolinha e vacinas. Você sente saudade de quem já foi um dia, dos programas que gostava de fazer. Saudade de relaxar e tantas outras coisas que ficaram para trás.

Mas você acha que está sendo a melhor mãe do mundo porque, como manda o figurino, seu filho está em primeiro lugar. Então deixa eu te dizer uma coisa? Não devia estar.

Pode ser bonito de falar, pode estar na moda. Mas isso de filho em primeiro lugar não está com nada. Porque antes de qualquer outra coisa, quem precisa estar bem é a gente. Pra dar conta do tranco que vem com a maternidade. Pra segurar a onda da culpa, das preocupações, dos dilemas que acompanham esse enorme desafio que é ser mãe. Pra conseguir levar tudo numa boa, sem exagerar nos cuidados e acabar criando um folgado.

Sem cuidar, numa bolha, de um filho que depois vai aprender na base da porrada, porque o mundo não perdoa. Sem ajudar a construir, sem querer, alguém que se sente capaz só porque você está sempre por perto pra resolver o que for preciso. 

Você deve vir em primeiro lugar pra estar bem com você mesma… pra estar feliz. Depois que, a duras penas, eu percebi isso, retomei meus hobbies, passei a reservar tempo para o que e quem eu sinto falta. Comecei a comer os últimos morangos da geladeira sem peso na consciência.

Vi que não mata ninguém eu deixar de matricular um filho no judô pra voltar a fazer meu pilates. Não querer brincar quando estou cansada também não me faz uma mãe pior. Vi que, delimitando espaço para outras coisas que são importantes pra mim, eu fiquei mais leve e, de quebra, a maternidade também.

E, claro, isso se refletiu nos momentos que temos juntos. Quando estou com eles, não tenho mais a sensação de que precisei anular um monte de lado meu, pra essa parte mãe poder existir. Cabe tudo na minha vida. Ok… ele é, sem sombra de dúvida, a mais importante das minhas empreitadas. Mas não é a única. Há outras causas e atividades às quais também quero me dedicar, e isso não é um pecado. 

Claro que dá um trabalho monstruoso conciliar tantos interesses, tantas pessoas, tantas coisas… e nem sempre dá. Mas o simples fato de tentar, e às vezes conseguir, fazem toda a diferença. Me fazem sentir que estou tendo uma vida mais enriquecedora, mais completa, melhor. E os impactos disso se irradiam pra quem está ao meu redor. 

Assim, por mais estranho que seja falar isso na véspera do dia das mães, chega de filho em primeiro lugar. Você se passar para o começo da fila vai fazer um bem enorme pra você. E, acredite, pro seu filho também. 


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