Ao saber do mês de conscientização sobre amamentação, parei para refletir como foi a minha história de amamentação com minha filha. Fui transportada para o começo disto tudo, a gravidez. Neste momento, eu lembrei que pouco me importava com a amamentação, sabia que queria dar o peito, não tinha ideia das dificuldades que podiam acontecer e que nem sempre é natural e fácil como às vezes imaginamos. Eu estava muito mais preocupada como seria o parto, já que eu queria um parto natural. Minha atenção e minha insegurança estavam em cima deste momento, mas jamais na amamentação. E não foi por falta de aviso do meu médico, que sempre me dizia: “Não se preocupe com o parto, ela entrou e vai ter que sair, de um jeito ou de outro. Você devia se preocupar com a amamentação!” Eu não tinha ideia do que ele estava falando!

     Já na maternidade, percebi que não bastava ela abrir a boca e sugar. Minha filha e eu tínhamos algumas características anatômicas que não ajudavam no aleitamento. Meu bico era invertido e ela tinha a linguinha curta e presa pelo freio, ou seja, não era nada favorável. Mas eu não estava disposta a desistir, durante toda a gravidez, puerpério e até hoje, o que me guia é um instinto muito forte, um instinto selvagem. Tenho uma característica também que é de ser teimosa e nunca aceitar um não logo de cara, sou insistente. Quando ouvi de uma pediatra: “Você não vai conseguir amamentar, não tem nada que favoreça esta amamentação! Ela não está ganhando peso, desista!” O que eu fiz naquele momento foi me ouvir, atentamente, e lá no fundo eu ouvi: Vocês conseguirão! Claro que esta fala veio reforçada por uma outra pediatra a Dra. Suzana, que amorosamente me explicou tudo o que precisava saber, e me assegurou que tudo bem ela ganhar peso aos poucos, que isto inclusive era bom para vida adulta dela. O que precisávamos era juntas, descobrir uma forma de fortalecer minha amamentação. E nós três, juntas e confiantes, descobrimos.

Deu certo, engrenamos! E aqueles momentos se tornaram únicos, só nossos. Primeira etapa cumprida.

     Nós duas tivemos a sorte de, naquele período, eu estar trabalhando em casa. Eu passava 70% do meu tempo em home office e a disposição dela para livre demanda. Poucas eram às vezes em que eu precisava sair para reuniões com clientes e visitar fornecedores, mas elas existiam e não podiam ser ignoradas. Quando elas apareciam, eu costumava levar minha pequena nestes compromissos de trabalho, afinal ela não mamava na mamadeira e estava em livre demanda. Quando era algo que poderia demorar, minha mãe ia junto. No carro ainda, eu a amamentava antes da reunião, terminava e me arrumava.

     Nestas situações, a escolha da roupa certa fazia uma enorme diferença, precisava de peças que fossem confortáveis,  não amassassem, que fossem de tecidos tecnológicos, de fácil limpeza e de secagem rápida, caso algum incidente acontecesse. Até então eu priorizava tecidos com composições mistas e mais naturais, como algodão, linho e seda. Porém este tipo de tecido além de amassar mais, pode demorar mais para secar no caso de uma emergência. Além disso, quando de qualidade, os tecidos de fibras sintéticas atuais são mais tecnológicos e inteligentes, permitindo que o corpo transpire, desamassando com o calor do corpo e secando mais rapidamente.

          Eu também optava por blusas claras, brancas, off-white, em tons beges, pois caso ficassem úmidas, quase não apareceria a diferença de cor da parte seca e parte molhada. E, se por acaso, às vezes acontecesse de ficar um pouco mais úmida do que eu esperava, tudo bem também! Eu bancava! Pois afinal de contas o que eu estava fazendo era maior do que uma blusa levemente úmida. Minhas blusas também precisavam ser fáceis de abrir, puxar pra cima ou mesmo abaixar.

     Outra mudança na minha vida foram os sapatos. Eu estava acostumada usar sapatos com saltos altos, de certa forma carregavam uma informação de poder. Porém não achava mais viável usá-los durante a gravidez e depois que minha filha nasceu, minha prioridade máxima era o conforto e a praticidade. Então deixei de lado os saltos e com isso percebi muito rápido que não precisava de um salto para me impor ou passar minhas ideias numa reunião. A experiência, a força e a confiança estavam dentro de mim e não na ponta de um salto alto.

     Foi marcante como minha percepção e relação com as roupas mudaram, minhas prioridades nitidamente eram outras. Eu não estava mais disposta a me vestir com muitos acessórios, penduricalhos e negava qualquer possibilidade de não estar muito confortável. Mas do que nunca, eu queria roupas práticas e não queria muitas opções também, reduzir as opções e montar um armário cápsula para o trabalho foi uma excelente solução para me fazer ganhar mais tempo e diminuir minhas decisões diárias.

     Após uma gravidez, nosso corpo muda muito, perde a forma que tinha, algumas mulheres até conseguem voltar muito próximo do que era, mas para grande maioria não. Rever o que usava antes e o que pode ser usado agora é uma estratégia fundamental, ainda mais se você é uma mãe que trabalha e tem pouco tempo. Perder tempo na frente do armário (algumas pesquisas apontam que perdemos mais de 15 minutos em cada troca de roupa) talvez não seja mais uma vontade sua. Afinal você tem coisas bem mais importantes para fazer agora, não?

     Para finalizar o relato da minha experiência de amamentação, com mudanças acontecendo de dentro pra fora e de fora pra dentro a Nina mamou exclusivamente no peito ao longo de 13 meses. Quando ela optou por desmamar, sem aviso prévio para frustração de uma mãe, eu não estava pronta! Mas admirei nela a força de decidir e confiei que nosso trabalho tinha sido feito, com louvor.

     Se eu pudesse dar conselhos sobre a amamentação, eu não daria. Pois mãe e filho são únicos e diferentes, mas uma coisa eu posso garantir pela minha vivência: A satisfação de amamentar seu filho, olho no olho, e saber que aquilo vai perdurar pela vida toda, não tem preço. Agora, se tem um conselho que eu posso dar, é sobre roupas: Simplifique! Acredite, fará muita diferença no seu a dia a dia, no seu humor, na sua segurança profissional. Planejar um armário capsula – poucas peças e certas, cartela de cor enxuta, modelagem adequada e tecidos inteligentes –  para o trabalho pode minimizar decisões diárias e garantir minutos a mais para curtir com seus pequenos.

Publicado originalmente em curadoriacloset.com.br

Se quiser conhecer um pouco mais: meu Instagram e Instagram curadoria closet.

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