Bá,
Essa carta poderia ser substituída por uma única palavra: OBRIGADA.
Obrigada por estar sempre lá comigo. Por me deixar dormir na tua cama quando eu tinha medo do escuro e minha mãe não me “permitia” que eu dormisse com ela.
Obrigada por deixar uma almofada bem grande no teu lugar quando você levantava cedo da cama pra eu, que continuava dormindo, poder te “abraçar” e achar que você ainda estava lá.
Obrigada por me dar esse e tantos colos “proibidos”. Por pegar na minha mão quando minha mãe me deixava berrar até o infinito na porta do seu quarto pra eu “aprender” alguma lição… Vai ver era pra aprender que eu deveria me virar sozinha com 3 anos de idade.
Obrigada por me ensinar a honrar e retirar da natureza apenas o que precisamos. Ainda hoje quando sinto o cheiro de salsinha, lembro das manhãs em que colhíamos alguns raminhos pra colocar na comida.
Obrigada por me defender. Minhas irmãs morriam de ciúmes do cuidado que você dedicava a mim – cuidado esse que elas talvez não tenham recebido de mais ninguém.
Obrigada por me mimar.
Dizem que eu tive sorte, que fui “mal acostumada” pelo carinho que você dedicava a mim. E perceba que mesmo com todo esse amor quase só pra mim, eu ainda tenho esse buraco gigante no peito, essa falta…
Imagina de que tamanho que ele seria se você não tivesse feito parte da minha vida?
Quando eu tinha 6 anos, você deixou de ser minha babá. Foi cuidar da sua vida, formar a sua família. Foi uma grande perda – eu poderia olhar o copo vazio. Ou um grande privilégio ter você nos meus primeiros 6 anos de vida – esse é o copo meio cheio.
Depois de um tempo, você teve uma filha. Diziam que ela era muito “mimada”. E eu aqui pensando: que sorte a dela!
Hoje em dia não sei onde você mora ou como está sua vida. Só sei que preciso muito te agradecer por ter sido essa mãezinha tão querida nesses anos tão importantes da minha vida. Espero que essa carta te encontre bem e que você sinta o meu amor e a minha profunda gratidão.