Das coisas mais malucas de ser mulher certamente est\u00e1 ser m\u00e3e e todo o universo que comp\u00f5e essa experi\u00eancia. Embora acredito que se tornar m\u00e3e \u00e9 \u00fanico para cada mulher que abra\u00e7a mais esse papel, gostaria de deixar meu relato sobre algo muito especial que aconteceu comigo durante esse per\u00edodo, meu relato sobre a amamenta\u00e7\u00e3o de minha filha.<\/p>\n\n\n\n

Antes mesmo dela nascer, eu tentei da melhor forma poss\u00edvel me preparar para a amamenta\u00e7\u00e3o. Isso incluiu visitas \u00e0 minha dermatologista (ela me acompanha h\u00e1 mais de 20 anos) e tamb\u00e9m consulta a uma enfermeira especialista em amamenta\u00e7\u00e3o que foi maravilhosa. Essa especialista foi muito importante j\u00e1 que me acompanhou desde a indu\u00e7\u00e3o do parto at\u00e9 depois dele com muitas dicas e t\u00e9cnicas para que a experi\u00eancia para n\u00f3s fosse o mais leve poss\u00edvel.<\/p>\n\n\n\n

Lembro de minha m\u00e3e me dizendo sobre como foi para n\u00f3s duas a experi\u00eancia do parto e sentia que quando ela contava as hist\u00f3rias dela sobre esses momentos havia muitos sentimentos ali. N\u00e3o \u00e9 \u00e0 toda: ela perdeu seu primeiro filho, meu irm\u00e3o, 3 dias depois dele nascer. Al\u00e9m disso, quando eu nasci, era comum que fosse feita uma lavagem instestinal na parturiente e o beb\u00ea s\u00f3 fosse ser levado \u00e0 m\u00e3e para ser amamentado horas depois do parto. Aquilo me deixava um pouco desconfort\u00e1vel e mais ansiosa ainda pelo parto e pelo primeiro encontro que eu teria com minha filha para que eu a amamentasse.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o consegui ter a pequena de parto normal, mas posso dizer que foi at\u00e9 que tranquilo depois de mais de 24 horas de indu\u00e7\u00e3o fazer a ces\u00e1rea. Eu j\u00e1 estava bem cansada e ver que o cora\u00e7\u00e3o da nen\u00ea n\u00e3o estava batendo como deveria foi motivo mais do que suficiente para aceitar a cirurgia. Naquele momento, eu queria ter aquela beb\u00ea o quanto antes e saud\u00e1vel nos meus bra\u00e7os.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 engra\u00e7ado que um momento t\u00e3o \u00edntimo tornou-se t\u00e3o espetacularizado e percebi isso quando a equipe me disse com certo pesar que eu n\u00e3o teria uma janela para mostrar minha filha \u00e0 minha fam\u00edlia assim que ela nascesse. Para dizer a verdade, at\u00e9 fiquei aliviada, eu queria que f\u00f4ssemos s\u00f3 n\u00f3s naquele momento m\u00e1gico onde uma filha e uma m\u00e3e nasceriam. E foi exatamente assim: minha filha nasceu bem, chorou, foi pesada, fez todos os testes e t\u00e3o logo o pediatra liberou, ela foi trazida para mim. Meus olhos enchem de l\u00e1grimas s\u00f3 de lembrar da emo\u00e7\u00e3o. E para minha surpresa, me perguntaram se eu gostaria de amamentar ali, menos de uma hora depois dela ter nascido, dentro da sala de parto. \u00c9 l\u00f3gico que eu aceitei. Fez toda a diferen\u00e7a ter uma enfermeira consultora em amamenta\u00e7\u00e3o ali me ajudando e tamb\u00e9m a equipe que escolhi e criamos uma rela\u00e7\u00e3o de confian\u00e7a antes do parto: meu ginecologista, anestesista e pediatra. Foi incr\u00edvel tudo isso! Sei que foi t\u00e3o espetacular que minha pequena filha mamou nos meus dois seios que j\u00e1 tinham o que oferecer para ela naquele momento.<\/p>\n\n\n\n

No meio desse momento sublime fui interrompida porque havia outro parto para ser feito naquela sala sem glamour, sem \u201cjanela\u201d. Ali era a sala para as emerg\u00eancias e mais uma m\u00e3e n\u00e3o podia esperar. Achei que era aquele o momento que eu ficaria sem minha filha e fiquei um pouco tensa. Pelo contr\u00e1rio, a enfermeira me ensinou como parar a amamenta\u00e7\u00e3o com toda a calma e prenderam minha nen\u00ea no meu corpo para minha surpresa. Est\u00e1vamos indo em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 sala de recupera\u00e7\u00e3o. Ficamos s\u00f3 nos duas ali, respeitaram nosso momento. Minha filha em um bercinho aquecido, e eu em uma cama. Depois meu ginecologista e anestesista foram me ver e me liberaram para ir ao quarto. Antes de ir conversamos, sorrimos, foi algo que n\u00e3o esperava, mas que foi constru\u00eddo ao longo dos nove meses que eu fui constantemente ao consult\u00f3rio dele. Fiquei segura para sair dali e fomos juntas, eu e minha pequena, com seu cinto de seguran\u00e7a amarrado em meu corpo. Sei que esse in\u00edcio foi meio maluco porque eu estava muito cansada e toda a minha aten\u00e7\u00e3o estava voltada para minha filha. Para voc\u00eas terem uma ideia tem pessoas que foram me visitar na maternidade e eu n\u00e3o me lembro.<\/p>\n\n\n\n

Quando eu sa\u00ed da maternidade foi muito importante a rede de apoio que eu tinha ao meu redor porque estava me recuperando de uma ces\u00e1rea que foi precedida pela indu\u00e7\u00e3o de parto. Fiquei com muitas dores na barriga e no corpo, n\u00e3o conseguia fazer muitas coisas sozinha, como tomar banho, me trocar, pegar minha filha para amamentar. Mas pelo menos, a amamenta\u00e7\u00e3o estava firme e forte. Eu e a pequena seguimos esse caminho por um ano e dez meses. Amamentei exclusivamente por seis meses, e mesmo quando achei que fosse o fim da nossa hist\u00f3ria de amamenta\u00e7\u00e3o: pedi o div\u00f3rcio para meu ex-marido quando minha filha estava com cinco meses, continuamos… E ainda bem que tamb\u00e9m contamos com nossa rede de apoio, pessoas que foram minha fortaleza, que me acolhiam quando achava que n\u00e3o conseguia mais…<\/p>\n\n\n\n

E n\u00e3o posso negar: quando minha filha resolveu n\u00e3o mamar mais foi triste. Embora ela j\u00e1 tivesse dentinhos e me mordesse \u00e0s vezes, eu n\u00e3o estava pronta para deixar de fazer isso, mas ela estava, e respeitei o tempo dela. Est\u00e1vamos visitando minha fam\u00edlia em Bel\u00e9m do Par\u00e1, e em uma noite, ela se recusou a mamar. Eu chorei, minha m\u00e3e pegou-a no colo, minha filha chorou, mas dormiu. Quando minha filha dormiu, minha m\u00e3e chorou e colocou minha filha no ber\u00e7o. Fim!<\/p>\n\n\n\n

Sinto que minha hist\u00f3ria foi tamb\u00e9m um jeito da minha m\u00e3e se reconciliar com a experi\u00eancia dela como m\u00e3e, t\u00e3o cheia de culpa, cobran\u00e7as e t\u00e3o sem tempo para ficar pertinho de mim. Amava amamentar minha filha e via como minha m\u00e3e ficava feliz em ver n\u00f3s duas naquele momento. Acredito que \u00e9 uma hist\u00f3ria linda a nossa: 3 gera\u00e7\u00f5es ligadas e de mulheres fortes fazendo jus ao que minha av\u00f3 nos ensinou. <\/p>\n\n\n

Nos conectamos pelos la\u00e7os de sangue, pelo afeto, amor, carinho e criamos v\u00ednculo tamb\u00e9m pela amamenta\u00e7\u00e3o. Sei que \u00e9 algo que pode ser penoso para muitas m\u00e3es, mas queria dizer aqui se esse \u00e9 o seu caso, n\u00e3o desista.<\/span><\/p>\n\n\n

Procure especialistas em amamenta\u00e7\u00e3o, como a Tati Ribeiro, conte com um ginecologista t\u00e3o humano como o Edoardo Pousada foi comigo.<\/p>\n\n\n\n

Estamos juntas nessas, queridas mulheres, em busca de conex\u00e3o, de um mundo melhor para n\u00f3s e noss@s filh@s. Que a gente consiga fazer de cada momento com nossos rebentos um tempo realmente especial. E o mantra \u00e9: tudo passa, o que \u00e9 bom e o ruim. Quero terminar o texto com algo que minha av\u00f3 sempre me dizia: n\u00e3o h\u00e1 bem que sempre dure, nem bem que nunca acabe. As longas noites que eu perdia as contas de quantas vezes eu acordava para amamentar minha filha ficaram para tr\u00e1s. Eu tenho saudades de amamentar minha filha, mas outras coisas vieram como madrugadas que sou acordada com um convite quase irrecus\u00e1vel de pular na cama e brincar de casinha… Temos que aproveitar cada uma dessas oportunidades que a vida nos d\u00e1. Vida gerada no nosso ventre e no nosso cora\u00e7\u00e3o.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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