Mais um Dia das M\u00e3es se aproxima. E o que isso quer dizer? Que al\u00e9m de ligarmos para nossas m\u00e3es – para quem tem a sorte de t\u00ea-las vivas e com sa\u00fade – receberemos uma enxurrada de memes e cart\u00f5es santificando m\u00e3es e romantizando a maternidade. <\/p>\n\n\n\n

Essas mensagens nos lembrar\u00e3o de como somos guerreiras, como fazemos mil tarefas ao mesmo tempo, como conseguimos ser cozinheiras, professoras, faxineiras e motoristas de nossos filhos e como at\u00e9 pode ser dif\u00edcil \u00e0s vezes, mas voc\u00ea \u00e9 t\u00e3o sortuda por ter dado \u00e0 luz a essa crian\u00e7a saud\u00e1vel, est\u00e1 reclamando do que?<\/p>\n\n\n\n

Fato \u00e9 que todo mundo veio da barriga de uma m\u00e3e. Mas a grande quest\u00e3o \u00e9 o como isso est\u00e1 inserido na sociedade de hoje. Enquanto mulheres, temos realmente escolha quanto a ser m\u00e3es ou somos empurradas e seduzidas \u00e0 maternidade desde que somos crian\u00e7as? A quantos questionamentos as mulheres que decidem n\u00e3o ser m\u00e3es s\u00e3o submetidas? <\/p>\n\n\n\n

Um dos livros mais marcantes que eu li recentemente foi M\u00e3es arrependidas, da israelense Orna Donath, que nos presenteia com um outro lado da maternidade (n\u00e3o \u00e0 toa, este \u00e9 o subt\u00edtulo do livro). J\u00e1 debatemos esse livro no Clube de leitura feminista do Fala Frida ano passado e foi muito marcante – pra mulheres que t\u00eam ou n\u00e3o filhos. Ela entrevistou 23 mulheres que efetivamente desejam apagar a maternidade de sua biografia – e recebeu in\u00fameras cr\u00edticas e ataques por ousar mexer nesse vespeiro. Leia aqui<\/a> uma entrevista com a autora e leia o livro, se puder. <\/p>\n\n\n\n

Se a maternidade n\u00e3o for mais compuls\u00f3ria – como praticamente \u00e9 hoje em v\u00e1rias partes do mundo – o pr\u00f3prio sistema de produ\u00e7\u00e3o capitalista poderia sucumbir. Voc\u00ea j\u00e1 parou pra pensar no quanto as mulheres performam uma das mais importantes atividades para a manuten\u00e7\u00e3o do sistema que \u00e9 a reprodu\u00e7\u00e3o ou cria\u00e7\u00e3o de novos “recursos humanos” que ser\u00e3o os futuros trabalhadores? E fazem isso com pouqu\u00edssimo ou nenhum reconhecimento social ou pol\u00edticas p\u00fablicas, de forma gratuita e vital\u00edcia e muitas vezes sem o apoio de companheiros que tamb\u00e9m geraram os tais seres. <\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 imaginou se todas as mulheres se recusassem a ter mais filhos at\u00e9 que seu trabalho – porque \u00e9 um baita trabalho – fosse valorizado, inclusive financeiramente? At\u00e9 que lhes fossem oferecidas condi\u00e7\u00f5es dignas de maternar? At\u00e9 que aquelas que desejassem interromper uma gesta\u00e7\u00e3o n\u00e3o fossem abandonadas \u00e0 pr\u00f3pria sorte em cl\u00ednicas clandestinas? At\u00e9 que a decis\u00e3o de ter ou n\u00e3o filhos passasse a ser uma pauta apenas desta mulher e n\u00e3o coletiva? <\/p>\n\n\n\n

A maternidade pode ser uma experi\u00eancia incr\u00edvel – no meu caso, mudou radicalmente minha forma de ver o mundo e foi o gatilho para a cria\u00e7\u00e3o do Fala Frida – mas do jeito que as coisas est\u00e3o organizadas socialmente, \u00e9 tamb\u00e9m uma forma brutal de opress\u00e3o. Sinto muito se isso \u00e9 novidade pra voc\u00ea, mas \u00e9 uma dura realidade para infinitas mulheres que enfrentam essa barra toda sozinhas e caladas. \u00c9 por mim e por elas que escrevo esse texto! <\/p>\n\n\n\n

Nessa semana que antecede o Dia das m\u00e3es, traremos pra voc\u00ea uma s\u00e9rie de depoimentos – em texto e em v\u00eddeo – de mulheres m\u00e3es que nos contar\u00e3o o que mais as incomoda na maternidade e o que elas pensam que deveria mudar. Acompanhe nosso Instagram e feliz Dia das m\u00e3es! <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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