No filme Capit\u00e3o fant\u00e1stico, uma fam\u00edlia mora literalmente no meio do mato, ca\u00e7a e planta o que consome e, ao inv\u00e9s de ir para a escola, as seis crian\u00e7as s\u00e3o educadas em casa. \u201cQue horror\u201d, voc\u00ea pode pensar. Ou \u201cpobres crian\u00e7as, est\u00e3o fora da \u2018civiliza\u00e7\u00e3o\u2019\u201d. Pode ser.<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

Ap\u00f3s o filme, fiquei me perguntando qual \u00e9 o real grau de escolha que temos ao decidir como vamos viver nossas vidas, de acordo com nossos valores e verdades. Quanto que o que pensamos que queremos na verdade \u00e9 o que a sociedade quer que a gente queira? \u00c9 dif\u00edcil responder, pois somos, desde crian\u00e7as, socializados em determinado lugar, ouvindo determinadas ideias sobre como as coisas devem ser. Ent\u00e3o quando, na vida adulta, decidimos que carreira seguir, se queremos construir uma fam\u00edlia, onde morar, como viver, etc., nossos par\u00e2metros sobre o que constitui uma boa vida j\u00e1 est\u00e3o h\u00e1 muito formados.<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

Se voc\u00ea j\u00e1 assistiu o filme Na natureza selvagem (Into the wild<\/em>), em que o personagem principal decide sair de casa e de cena pra viver no mato, em um \u00f4nibus velho, o filme Capit\u00e3o fant\u00e1stico pode ser a vers\u00e3o com filhos. Eu, que tenho um menino de quase 4 anos, fiquei muito tocada com o esfor\u00e7o daquele pai em criar seus filhos de acordo com seus valores, indo contra tudo e contra todos.<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

A beleza do filme est\u00e1 no esp\u00edrito de uni\u00e3o que aquelas crian\u00e7as compartilham, mesmo nos momentos de dor. Nas noites quietas em que cada um l\u00ea o livro designado pelo pai para ser estudado naquele momento. Nas an\u00e1lises inteligentes que aquelas crian\u00e7as fazem sobre os fen\u00f4menos desse mundo louco.<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

Sem TV nem internet, eles parecem ser muito mais cr\u00edticos e bem informados do que seus primos que vivem na cidade e n\u00e3o est\u00e3o nem a\u00ed para a escola. Na honestidade por vezes brutal com que aquele pai explica o mundo – nu e cru – para seus filhos. Quando foi que aprendemos a ser t\u00e3o escorregadios quando se trata de falar a verdade?<\/strong><\/p>\r\n

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Imposs\u00edvel n\u00e3o pensar em Greta Thunberg quando se trata de falar honestamente. Se voc\u00ea n\u00e3o conhece essa adolescente sueca que colocou v\u00e1rios governantes em uma mega saia justa na ONU, procure seus v\u00eddeos. E quando ao consumo? O que eles compram? Roupas, livros, itens para a casa, mas nada al\u00e9m do essencial. Produzem o que comem. Do que mais precisam? Ah, eles tamb\u00e9m t\u00eam um \u00f4nibus velho que usam pra ir pra cidade quando precisam.<\/p>\r\n

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Se toda essa conversa est\u00e1 muito vaga, te convido a assistir o filme. Eu ando refletindo muito ultimamente sobre o que realmente importa e o quanto precisamos de realmente muito pouco pra ter uma vida plena e feliz. Que pessoas voc\u00ea tem perto de voc\u00ea? Elas te nutrem? Viver em comunh\u00e3o profunda e respeitando a natureza me parece ser sempre uma boa dire\u00e7\u00e3o a tomar.\u00a0Mas qual \u00e9 o limite?<\/p>\r\n

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