Durante o ano passado tive a disciplina e o entusiasmo de ler v\u00e1rios livros \u2013 fa\u00e7o inclusive parte de um clube do livro, que se re\u00fane para a discuss\u00e3o da obra escolhida do m\u00eas. Quando entrei no clube, no final de 2015, n\u00e3o imaginei que fosse me ajudar tanto a retomar esse velho h\u00e1bito: ler pelo prazer de ler. O clube me possibilitou conhecer a autora italiana\/napolitana Elena Ferrante.<\/p>\n

Elena Ferrante: para come\u00e7ar, n\u00e3o \u00e9 nem mesmo seu nome verdadeiro, ela adotou esse pseud\u00f4nimo. Sabe-se pouco sobre sua vida, apenas que nasceu e foi criada em N\u00e1poles e que atualmente mora em outra cidade (e talvez outro pa\u00eds). Em Frantumaglia (2017), livro que compila cartas da autora trocadas ao longo dos anos com editores, jornalistas e leitores, argumenta: \u201cdigamos ent\u00e3o que eu preferi publicar livros sem precisar me sentir obrigada a ter uma carreira como escritora. At\u00e9 agora, n\u00e3o me arrependi\u201d.<\/p>\n

A bem da verdade, \u00e9 poss\u00edvel conhecer Elena atrav\u00e9s de suas personagens femininas: s\u00e3o filhas, m\u00e3es, mulheres com vidas e desejos complexos, muitas vezes inadequados ao seu tempo. Na tetralogia napolitana (A Amiga Genial<\/a>, Hist\u00f3ria do Novo Sobrenome<\/a>, Hist\u00f3ria de Quem Foge e Quem Fica<\/a> e Hist\u00f3ria da Menina Perdida<\/a>) somos convidadas a acompanhar a amizade de Lila e Lenu da inf\u00e2ncia at\u00e9 a velhice, dentro do contexto de uma It\u00e1lia de p\u00f3s-guerra, que se reestrutura e abriga pessoas pobres, endinheiradas e tamb\u00e9m camorristas (Camorra, a \u201cm\u00e1fia\u201d napolitana), que impactam na vida das duas meninas e tamb\u00e9m de outros moradores do bairro. Soube recentemente que o primeiro livro da tetralogia se tornar\u00e1 uma s\u00e9rie no canal HBO. Nem preciso dizer que irei assistir.<\/p>\n