Eu, Mara (nome fict\u00edcio), mulher, profissional extremamente qualificada nas melhores institui\u00e7\u00f5es de ensino de nosso pa\u00eds e do exterior, casada, com emprego, com casa em um bairro emergente, com carro na garagem e com uma filha linda e saud\u00e1vel no colo de menos de seis meses, fui violentada diversas vezes por meu ex-marido. A viol\u00eancia que sofri n\u00e3o me deixou de olho roxo, mas as cicatrizes que carrego em minha mente e em meu cora\u00e7\u00e3o ainda doem demais, mesmo passados meses ap\u00f3s o div\u00f3rcio. \u00a0O que contarei nesse relato se passou depois que nossa filha nasceu, mas mesmo antes do nascimento dela eu era tratada como um nada, sem o devido respeito e carinho que eu merecia – e mere\u00e7o.<\/p>\n

Quando a Olga (nome fict\u00edcio) nasceu, Gabriel (nome fict\u00edcio e proposital, afinal de contas, meu ex-marido nunca poderia ter nome de \u201canjo\u201d) come\u00e7ou a agir de forma muito estranha. Alguns epis\u00f3dios me fizeram acreditar que algo estava muito errado: um dos primeiros foi na vacina de Olga, aos dois meses dela. Hav\u00edamos combinado que acordar\u00edamos cedo e que ir\u00edamos at\u00e9 o posto de sa\u00fade vacin\u00e1-la. Entretanto, um beb\u00ea t\u00e3o pequeno \u00e0s vezes demora muito tempo para mamar e foi o que aconteceu nesse dia. Quando Olga terminou de mamar, Gabriel disse que tinha que estar o quanto antes no trabalho porque se o chefe quisesse falar com ele e ele n\u00e3o estivesse l\u00e1, ele teria s\u00e9rios problemas. Achei aquilo muito estranho porque ele n\u00e3o havia marcado nada de especial e hav\u00edamos combinado de ir juntos aplicar a vacina na Olga. Eu disse que ele podia ir, mas que eu iria nem que fosse sozinha ao posto de sa\u00fade. Ele ficou extremamente irritado e essa foi a segunda vez que me agrediu verbalmente depois dela nascer (a outra foi no primeiro dia de trabalho dele, na frente da pequena Olga, o que me fez chorar copiosamente a ponto de formar uma po\u00e7a de l\u00e1grimas ao meu redor). Ele gritou muito enquanto eu me trocava porque queria que eu n\u00e3o fosse e esperasse at\u00e9 o dia seguinte, sem nenhum motivo bom o suficiente para isso. Quando ele viu que nada me impediria, resolveu ir junto, mas com muitos protestos: dizendo que teria uma fila enorme, que n\u00e3o tinha nenhum problema de deixar a vacina para o dia seguinte (mas no dia seguinte ele tinha um compromisso) e que eu era muito cabe\u00e7a dura.<\/p>\n

No dia dos namorados do ano passado, fui fazer um concurso p\u00fablico e, enquanto isso, Gabriel saiu para passear com a Olga e com a m\u00e3e dele com um pano cheio de produto qu\u00edmico que ele tinha usado um pouco mais cedo para limpar a tela do computador. Gabriel ficou muito alterado quando falei que eles eram dois irrespons\u00e1veis por terem feito isso. Gabriel em nenhum momento ficou ao meu lado nem de Olga, mas optou por ficar ao lado da m\u00e3e e n\u00e3o hesitou em me xingar de “cavala” e de tantos outros palavr\u00f5es aos altos brados que at\u00e9 a nossa empregada trancou-se no banheiro por conta da viol\u00eancia verbal dele contra mim. Quando ele foi acompanhar a m\u00e3e at\u00e9 o estacionamento, sa\u00ed de minha pr\u00f3pria casa porque eu sabia que n\u00e3o encontraria paz ali para cuidar de minha filha… Fui sozinha com Olga at\u00e9 o pediatra, mas infelizmente ele j\u00e1 havia sa\u00eddo para ir para casa e a secret\u00e1ria (que ficou mais desconcertada que o pr\u00f3prio Gabriel com o que havia acontecido) me orientou a ligar no celular ou na casa dele. Fui para a casa dos meus pais e fiquei l\u00e1 at\u00e9 conseguir conversar com o m\u00e9dico. Quando voltei para casa, Gabriel n\u00e3o pensou duas vezes e ao inv\u00e9s de ficar em casa observando a filha comigo (o que o m\u00e9dico me pediu para fazer), quis sair para comemorar o dia dos namorados e deixou meus pais tomando conta da Olga. Foi um dos piores jantares que tive porque n\u00e3o conseguia desgrudar os olhos do meu celular, enquanto ele, degustava…<\/p>\n

Outro epis\u00f3dio aconteceu no meu primeiro dia de trabalho, voltando da licen\u00e7a maternidade: sa\u00ed bem cedo depois de amamentar Olga e sabia que eu s\u00f3 conseguiria voltar na hora do almo\u00e7o. Gabriel ficou com Olga at\u00e9 certo hor\u00e1rio e pediu para que meus pais fossem cuidar dela. O que eu n\u00e3o sabia e nem meus pais \u00e9 que Gabriel havia decidido sozinho levar TODAS as mamadeiras com ele para o trabalho… Sa\u00ed umas 13h para voltar para casa e n\u00e3o queiram imaginar o meu desespero quando liguei para minha casa e meus pais disseram que n\u00e3o havia NENHUMA mamadeira para alimentar a Olga. Liguei para o Gabriel e briguei muito com ele, afinal de contas, n\u00e3o hav\u00edamos acordado que ele faria isso… N\u00e3o me senti segura em deix\u00e1-la \u00e0 noite sozinha com o Gabriel enquanto eu tinha que fazer uma reuni\u00e3o de trabalho… Eu precisava estar segura de que ela seria bem alimentada para que eu conseguisse trabalhar de forma tranquila. Liguei para o Gabriel e falei que meus pais ficariam com ele, ao que ele respondeu de forma alterada, at\u00e9 mesmo transtornada, gritando comigo e com meu pai ao telefone. Sei que o Gabriel n\u00e3o me ouve, mas ouve seu pai, seu irm\u00e3o e sua cunhada e \u00e9 claro que pela minha filha, n\u00e3o hesitei em pedir ajuda a essas pessoas. O \u00fanico que me julgou por isso e me deu “conselhos” foi meu agora felizmente ex-sogro que chegou a ligar para mim e dizer que meus pais intervinham muito no nosso casamento… Respondi a ele que para mim n\u00e3o importava quem intervinha no casamento ou n\u00e3o, mas eu queria sair de casa tranquilamente para trabalhar e ter a certeza de que tinha deixado minha filha com algu\u00e9m que estivesse s\u00e3o para cuidar dela e aliment\u00e1-la e n\u00e3o algu\u00e9m como Gabriel, que estava completamente fora de si… Meu ent\u00e3o sogro e meus pais ficaram com Gabriel e Olga no nosso apartamento e foi um verdadeiro pesadelo eu ir trabalhar nesse dia.<\/p>\n

O \u00faltimo epis\u00f3dio de que me lembro de agress\u00e3o verbal de Gabriel contra mim aconteceu no fim de agosto do ano passado, enquanto \u00edamos juntos ao meu trabalho e novamente na frente da Olga. Eu estava dirigindo o carro e Gabriel insistia de todas as maneiras para que f\u00f4ssemos para uma casa de veraneio dos pais dele. Eu disse que poder\u00edamos ir, mas que seria melhor se fic\u00e1ssemos em um hotel porque n\u00e3o precisar\u00edamos limpar nada e ter\u00edamos mais infraestrutura para ficar com a Olga. De novo, fui xingada aos gritos na frente de minha filha de ego\u00edsta, de ser uma pessoa m\u00e1 e de tantas outras coisas que houve um momento que simplesmente parei de escutar e falei para o Gabriel: “Por que voc\u00ea est\u00e1 comigo se eu sou uma pessoa t\u00e3o horrorosa? Vai procurar sua felicidade! De repente, \u00e9 ao lado de outra pessoa e n\u00e3o de mim, porque pelas coisas que voc\u00ea diz que eu sou, \u00e9 melhor que voc\u00ea n\u00e3o esteja ao lado de algu\u00e9m t\u00e3o ruim quanto eu”… Chegamos no meu trabalho e Gabriel foi bem lac\u00f4nico com meus colegas de trabalho… Voltamos para casa e fomos almo\u00e7ar com um casal de amigos e senti que ele n\u00e3o respeitava nem minha fala, falava por cima de mim, queria se sobrepor a mim… O que continuou a acontecer quando voltamos para casa… Mais para o fim do dia, Gabriel falou para mim, quando ficamos sozinhos em casa, enquanto me pegava pelos bra\u00e7os, de forma estranha: “Nunca mais fale para eu buscar outra pessoa”. Para mim, depois que descobri as trai\u00e7\u00f5es dele, isso me soou como algo que ele realmente n\u00e3o precisava fazer j\u00e1 que tinha amantes nos seus dois trabalhos… No fim desse dia, percebi que eu estava em um relacionamento no m\u00ednimo abusivo e que algo muito estranho estava acontecendo e que ele n\u00e3o queria compartilhar comigo. Eu insistia para voltarmos a fazer terapia de casal, mas as respostas dele eram sempre de que EU precisava voltar a fazer a terapia individual e que EU era a culpada por nosso casamento estar ruim…<\/p>\n

Al\u00e9m desses epis\u00f3dios de agress\u00f5es verbais, era bizarro o jeito que ele queria ter o controle das coisas: quase todos os dias, chegava em casa e abria os arm\u00e1rios para ver “se algu\u00e9m tinha comprado alguma coisa sem ordem dele” e quando ele percebia nem que fosse um detergente comprado, ele sempre disparava: “Quem comprou? Por que comprou? Quanto pagou? Por que voc\u00ea fez isso sem me avisar? Devia ter falado comigo!”… Ele sempre foi muito inst\u00e1vel: algumas semanas fazia compras e outras nem se importava que n\u00e3o tinha nem ovo na geladeira… \u00c0s vezes ele queria trocar as fraldas da Olga e outras passava mais de 8 horas trancado em nosso escrit\u00f3rio fazendo sabe-se l\u00e1 o qu\u00ea. No in\u00edcio, ele se interessava mais pela Olga: dava banho, trocava com frequ\u00eancia… Nos \u00faltimos tempos, dizia que queria dar banho nela e s\u00f3 a segurava dentro da banheira e quando terminava, n\u00e3o fazia nada, deixava tudo para mim. Eu secava, colocava fraldas, roupas, dava rem\u00e9dios, escovava o cabelinho, massageava, separava todas as coisas para o banho e depois era eu quem guardava tudo – enquanto ele estava tomando banho ou fazendo qualquer outra coisa do interesse dele… Cheguei a dar um guia de massagem shantala (massagem que a Olga adora receber antes de tomar banho) de presente de dia dos pais e ele nem sequer leu esse manual, que ficou “esquecido” no criado mudo dele… Est\u00e1 l\u00e1 jogado at\u00e9 hoje…<\/p>\n

Nunca senti Gabriel como algu\u00e9m pr\u00f3ximo de mim ou algu\u00e9m que eu pudesse realmente contar… Me senti abandonada por ele muitas vezes durante nosso relacionamento e principalmente no casamento. E era exatamente assim que eu me sentia com uma filha dele em meus bra\u00e7os: sozinha, sem ningu\u00e9m, desamparada. Foi ent\u00e3o que resolvi ver o celular dele no fim de agosto e n\u00e3o consigo esquecer o rosto da Juliana (uma mulher com uma crian\u00e7a que tinha aparentemente a idade de Olga) dizendo para ele n\u00e3o enviar mais esse tipo de mensagem para ela porque mais gente via aquele n\u00famero. Fiquei pensando no tipo de mensagem que ele mandou para aquela m\u00e3e se sentir t\u00e3o importunada e pedir isso… Infelizmente ele apagou (como sempre faz) todo o hist\u00f3rico de mensagens do WhatsApp. Havia mais duas mulheres com mensagens muito estranhas nesse dia: L\u00facia e Mariana. Muito desconfiada e at\u00e9 com medo do que eu poderia encontrar nas mensagens, resolvi o seguinte: j\u00e1 que ele n\u00e3o me ajudava mais de madrugada, eu iria pegar o celular dele e “clonar” seu WhatsApp no meu computador para acompanhar com quem ele falava e sobre o qu\u00ea. Fiz isso no dia seguinte.<\/p>\n

Qual n\u00e3o foi minha surpresa quando voltei do parque pela manh\u00e3 com Olga e vi que ele estava mandando fotos obscenas para uma tal de Silvana, que trabalha com ele? Quando vi aquilo quase tive uma s\u00edncope, tremia, n\u00e3o conseguia sentar, falar, comer, beber, n\u00e3o conseguia fazer nada, nem tirar a Olga da mochila dela… Fiquei sem rea\u00e7\u00e3o… Sorte que logo chegaram meus pais, me apoiaram e me ajudaram na medida do poss\u00edvel… Eu sabia que aquilo n\u00e3o era normal, o que eu tinha que fazer era pedir o div\u00f3rcio por tudo o que vivi e estava vivendo de ruim no casamento… A\u00ed s\u00f3 acompanhei as mensagens horrorosas que ele mandava n\u00e3o s\u00f3 para Silvana, mas para diversas mulheres em busca de sexo e cheguei a uma s\u00f3 conclus\u00e3o: nunca conheci o Gabriel e eu estava apavorada para pedir o div\u00f3rcio em casa porque eu n\u00e3o sabia o tipo de rea\u00e7\u00e3o que ele poderia ter. Houve um momento na tarde que n\u00e3o consegui mais acompanhar as mensagens e tive que sair para fazer outra coisa, se n\u00e3o, eu enlouqueceria… Foi ent\u00e3o que achei melhor separar uma muda de roupa para ele, coloc\u00e1-la dentro do saco de dormir da Olga, no porta-malas do carro junto com o carrinho dela e convid\u00e1-lo para jantar fora e comprar o presente do nosso sobrinho no shopping, j\u00e1 que ter\u00edamos a festa dele no domingo pr\u00f3ximo. Foi o que fiz e pedi para meus pais ficarem me esperando na pra\u00e7a de alimenta\u00e7\u00e3o do shopping para que eu pudesse fugir daquele homem em seguran\u00e7a e ficar em casa sem ele.<\/p>\n

Gabriel chegou em casa naquela noite como se nada tivesse acontecido, me beijou e me deixou absolutamente enojada com aquilo… Pegou Olga e fiquei pensando se ao menos ele havia lavado as m\u00e3os para pegar nela depois de ter se masturbado tanto durante o dia, inclusive dentro do meu carro, voltando para casa, conversando no WhatsApp com 3 mulheres ao mesmo tempo… Sa\u00edmos, chegamos no shopping e fomos ao restaurante. Chegando l\u00e1, est\u00e1vamos esperando e Gabriel disse que sonhava em comemorar 5 anos de casados fora do pa\u00eds, com os pais dele, com os meus pais, com os irm\u00e3os, as cunhadas, o sobrinho e, claro, eu e Olga… Senti \u00e2nsia e tive que ir ao banheiro vomitar. Nesse momento, tirei o abridor da garagem do pr\u00e9dio do chaveiro do carro para tentar atras\u00e1-lo ainda mais caso ele resolvesse vir atr\u00e1s de mim e da Olga quando eu fugisse depois de pedir o div\u00f3rcio. Conseguimos mesa e sentamos. Pedi muitas coisas para atrasar Gabriel para quando eu fugisse do restaurante. As bebidas chegaram, ele me pediu para que eu segurasse a Olga. Ele abriu o celular antes de tomar a \u00e1gua com g\u00e1s que havia pedido, deu um sorriso de canto de boca e disse algo sobre o fim da Caverna do Drag\u00e3o. N\u00e3o consegui mais estar ali, eu queria ser outra pessoa, ter outra vida cheia de amor e n\u00e3o essa que eu tinha… Joguei as chaves do carro na mesa, disse que nosso casamento tinha acabado, coloquei uma parte das conversas que tive est\u00f4mago para imprimir sobre a mesa e falei que de onde tinha vindo aquilo havia muito mais e sa\u00ed correndo com a Olga, minha bolsa e a dela. Fugi daquele restaurante como se eu fosse a errada, mas n\u00e3o…<\/p>\n

Eu estava amedrontada pelo grotesco homem com quem eu havia me casado. Cheguei em casa, me tranquei, liguei para minha sogra para “atrasar” ainda mais o Gabriel e falei para ela que tinha pedido o div\u00f3rcio por conta das diversas trai\u00e7\u00f5es que o filho dela tinha feito contra mim e contra Olga tamb\u00e9m… Ela n\u00e3o acreditou e cheguei a mandar alguns “prints” para ela… Alguns dias depois marquei meu obstetra, que ficou estarrecido com toda a hist\u00f3ria e me pediu para eu fazer uma por\u00e7\u00e3o de exames… Fiz os mesmos exames de sangue na Olga, cuja pediatra ficou boquiaberta com a bizarrice da hist\u00f3ria criada por Gabriel… Ela ficou muito preocupada e s\u00f3 ficou tranquila depois que os resultados dos exames da minha pequena sa\u00edram… Que tristeza, meu Deus! \u00c9 indiz\u00edvel o sentimento de levar a pr\u00f3pria filha, de poucos meses, para fazer exames de sangue por conta da falta de respeito, irresponsabilidade, inconsequ\u00eancia e promiscuidade do pr\u00f3prio pai! Foi o pior dia da minha vida com toda a certeza! Me senti morta, impotente enquanto minha filha chorava naquela maca com duas mulheres tirando o sangue dela… N\u00e3o foi nada f\u00e1cil me submeter a todos os exames pedidos pelo meu obstetra e mais dif\u00edcil ainda foi levar minha pr\u00f3pria filha para fazer isso… Chorei de raiva, de pena por ela t\u00e3o pequena e inocente ter que passar por isso, por ter sido feita de idiota por algu\u00e9m que dizia que nos amava e nos fez tanto mal…<\/p>\n

Ainda guardo em uma pasta as fotos que tirei das mensagens que meu ex-marido trocava com as duas amantes (mulheres, casadas, com dois filhos cada, uma de cada trabalho dele) e mais seis outras mulheres que ele almejava fazer sexo. \u00c9 surreal abrir essa pasta no meu computador e ver a foto do perfil de WhatsApp do meu ex-marido nesse dia: era ele com a Olga. E, mais incompat\u00edvel ainda, \u00e9 o “fundo” das fotos que eu tirei: cheio de fraldas, brinquedos, coisas do cotidiano da Olga, sendo deixados em segundo plano por um pai vil, infiel \u00e0 sua fam\u00edlia e nojento… Faltam palavras conhecidas na l\u00edngua portuguesa para descrever esse homem, uma pessoa t\u00e3o baixa… Essas conversas foram doentias e s\u00f3 me fizeram acreditar que o homem com quem casei nunca teve nenhum respeito por mim, pela casa que fizemos e muito menos pela filha que geramos juntos… Nunca nos amou verdadeiramente, s\u00f3 pensava em si pr\u00f3prio e nos desejos s\u00f3rdidos que tinha que realizar com mulheres fora de casa… Hoje s\u00f3 me resta o nojo, o asco e a repulsa por ter dividido a cama com algu\u00e9m como Gabriel…\u00a0Sinceramente, ter Gabriel riscado da minha vida pessoal e s\u00f3 fazendo as vezes de pai de Olga tira um peso de minhas costas. Sem contar, \u00e9 claro, que foi surreal ver a foto de minha filha em uma mesma conversa onde fotos e v\u00eddeos obscenos foram enviados. Para mim, Gabriel n\u00e3o passa de uma pessoa t\u00e3o corrupta quanto esses pol\u00edticos que vemos que roubaram milh\u00f5es no notici\u00e1rio. Isso porque ele n\u00e3o teve escr\u00fapulos e chegou a ter rela\u00e7\u00f5es sexuais dentro do pr\u00f3prio trabalho, uma reparti\u00e7\u00e3o p\u00fablica… Ele pode n\u00e3o ter roubado um tost\u00e3o de merenda, mas \u00e9 farinha do mesmo saco de gente que fez isso, com a diferen\u00e7a de que ao inv\u00e9s de arrancar dinheiro da popula\u00e7\u00e3o no geral, lesou seu pr\u00f3prio trabalho, foi pago para “transar” ao inv\u00e9s de trabalhar e destruiu sua pr\u00f3pria fam\u00edlia… Ele n\u00e3o faltou com respeito s\u00f3 com sua fam\u00edlia, mas com toda a popula\u00e7\u00e3o que infelizmente paga seu sal\u00e1rio para que, ao inv\u00e9s de fazer seu servi\u00e7o, ele satisfa\u00e7a seus desejos sexuais.<\/p>\n

Ainda quero acreditar que restou algo de humano em Gabriel porque para mim, tudo o que ele fez foi desumano… Quero acreditar no humano escondido nele para que ele pelo menos possa ser um bom pai para Olga, mas tenho certeza que a pior pessoa para se ser nesse momento no mundo \u00e9 ele… Porque ele sabe exatamente tudo o que fez de errado, grotesco e nojento durante os anos que estivemos juntos e todas essas coisas v\u00e3o assombr\u00e1-lo por toda a sua vida e ele saber\u00e1 que isso tudo destruiu a fam\u00edlia que ele tanto sonhava em ter… Saio desse casamento fracassado e abusivo de cabe\u00e7a erguida, com a certeza de que fiz tudo para que desse certo e de que jamais fui infiel ao meu ex-marido e que a melhor solu\u00e7\u00e3o para mim e para minha filha era o div\u00f3rcio. S\u00f3 dessa maneira eu conseguiria assegurar um lar seguro, sadio, feliz, cheio de paz e tranquilidade para mim e para Olga. Hoje tenho convic\u00e7\u00e3o de que jamais conseguiria um lugar assim para mim e para minha filha insistindo em estar com Gabriel.<\/p>\n

Que esse relato sirva de inspira\u00e7\u00e3o para as mulheres que sofrem diariamente de viol\u00eancia dom\u00e9stica e ainda n\u00e3o tiveram coragem de se rebelar contra isso! O tipo de viol\u00eancia que sofri e tenho certeza de que muitas mulheres ainda sofrem, n\u00e3o deixa marcas f\u00edsicas, mas deixa profundas cicatrizes em nossa alma. Tenha a certeza de que voc\u00ea n\u00e3o est\u00e1 sozinha, estamos juntas nessa luta e \u00e9 preciso muita coragem para livrar-se disso, mas de forma alguma \u00e9 imposs\u00edvel! N\u00e3o se culpabilize, respeite-se e pense que voc\u00ea \u00e9 sua melhor companhia e a pessoa que mais te ama nesse mundo, portanto, busque o que te faz bem e pessoas que te fazem isso.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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