Chegou um dia que eu nunca imaginei que chegaria: pedi pra tirarem uma foto minha de biqu\u00edni. E pedi porque eu estava feliz com meu corpo e orgulhosa do que eu via no espelho mesmo com toda sua imperfei\u00e7\u00e3o. No meu caso, eu era muito magra quando crian\u00e7a e a preocupa\u00e7\u00e3o com o peso nunca existiu nessa \u00e9poca. Eu n\u00e3o me importava quando tinha pesagem na aula de Educa\u00e7\u00e3o F\u00edsica. Nem passava pela minha cabe\u00e7a como isso podia ser inc\u00f4modo – e at\u00e9 cruel -, j\u00e1 que \u00e9ramos pesadas na frente das outras e nosso peso ditado pra todas ouvirem.\u00a0<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n Mas constatar que finalmente cheguei a um n\u00edvel bom de autoestima para tirar uma foto de biqu\u00edni n\u00e3o deixa de ser uma luta interna – calada e solit\u00e1ria – vencida. A liberta\u00e7\u00e3o come\u00e7a dentro da gente.<\/strong><\/span><\/p>\r\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Chegou um dia que eu nunca imaginei que chegaria: pedi pra tirarem uma foto minha de biqu\u00edni. E pedi porque eu estava feliz com meu corpo e orgulhosa do que eu via no espelho mesmo com toda sua imperfei\u00e7\u00e3o. A busca pelo corpo que n\u00e3o temos come\u00e7a desde cedo e n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 por quem […]<\/p>\n","protected":false},"author":5,"featured_media":11121,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[205],"tags":[339,338,86],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/falafrida.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/11119"}],"collection":[{"href":"https:\/\/falafrida.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/falafrida.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/falafrida.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/5"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/falafrida.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=11119"}],"version-history":[{"count":8,"href":"https:\/\/falafrida.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/11119\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":11435,"href":"https:\/\/falafrida.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/11119\/revisions\/11435"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/falafrida.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/11121"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/falafrida.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=11119"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/falafrida.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=11119"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/falafrida.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=11119"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}
A busca pelo corpo que n\u00e3o temos come\u00e7a desde cedo e n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 por quem acha que est\u00e1 acima do peso.<\/strong><\/span><\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n
Comecei a me importar com o corpo quando chegou a fase de encorpar. N\u00e3o encorpei. Esperei meus peitos crescerem e eles n\u00e3o cresceram. Queria ter mais bunda, mas isso nunca esteve na minha gen\u00e9tica. Minhas pernas finas nunca ganharam coxas grossas e sempre ficaram sobrando nos shorts. O que cresceu em volume foi meu cabelo – e como! Isso tamb\u00e9m sempre me assombrou. S\u00f3 depois que cresci e que os acess\u00f3rios para domar meus fios ficaram acess\u00edveis \u00e9 que me senti bem tendo mais controle da minha apar\u00eancia. Esta \u00e9 uma DR que continua em andamento. Espero um dia fazer as pazes com meu cabelo tamb\u00e9m.
Apesar de eu ser magra para os padr\u00f5es tradicionais, sempre tive uma barriga de sapo. Nunca tive uma barriga chapada. Fazendo uma mea culpa, nunca me esforcei para ter um corpo definido como eu idealizava. Quando era pr\u00e9-adolescente, eu tinha as aulas de Educa\u00e7\u00e3o F\u00edsica duas vezes por semana e fazia sapateado uma vez por semana. Obviamente, n\u00e3o eram suficientes para definir meu corpo.\u00a0
Cresci e passei a adolesc\u00eancia achando que o fato de eu n\u00e3o ter O corpo era o que fazia os garotos n\u00e3o se interessarem por mim. Foi s\u00f3 na faculdade que eu descobri que alguns me achavam bonita, mesmo sem corpo, ou melhor, sem o corpo que eu desejava ter.
Foi somente na vida adulta que passei a gostar do meu corpo. N\u00e3o ter peitos grandes, o que me permite usar blusas sem suti\u00e3, passou a ser um benef\u00edcio. Ali\u00e1s, peitos que independente do tamanho\u00a0amamentaram\u00a0dois beb\u00eas por cerca de um ano e meio cada.\u00a0 A barriga precisa de malha\u00e7\u00e3o\u00a0para\u00a0ser perdida, mas pensar que eu\u00a0gestei\u00a0duas crian\u00e7as e minha barriga est\u00e1 como est\u00e1 sem grandes esfor\u00e7os me faz agradecer pelo meu corpo. Ver as marcas de estrias que a gravidez me deixou me faz relembrar com carinho de um momento muito feliz da minha vida de ter outro cora\u00e7\u00e3o batendo dentro do meu corpo – o corpo que eu tantas vezes n\u00e3o gostei e que foi perfeito para gerar duas vidas.
Longe de mim fazer campanha pela magreza como sinal de corpo perfeito. Eu lamento que o “sistema” nos fa\u00e7a crescer com essa ideia, nos comparando umas com as outras e nos colocando pra baixo. Queria poder dizer pra quem eu era h\u00e1 20 anos\u00a0para\u00a0n\u00e3o se preocupar achando que tem peito de menos e barriga demais. O importante \u00e9 estar saud\u00e1vel – e isso nem sempre significa ter um corpo de revista.
Demorou 37 anos para eu querer tirar uma foto de biqu\u00edni e me admirar – e dessa vez n\u00e3o coloquei nenhum filho no colo\u00a0pra\u00a0esconder a barriga. Isso \u00e9 nada perto de tantas lutas e problemas a serem superados.<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n